quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Esta é a figura que, logo à primeira vista lembra o pensador, mas, como vêm, tem a ver com a figura dos mortos (mais uma vez os antepassados) na sepultura.


"Fotos 331 e 333/333A - KÁTWAMBIMBI - Figura que representa o estado de lamentação (carpideira). O seu aparecimento vaticina infortúnio se junto dela não surgir outra peça que amenize esse prognóstico. Personagem figurada com as mão à cabeça, está, relacionada com feitiços mbimbi, pelo que o adivinho previne o cliente contra injúrias, aconselhando o uso de amuletos para defesa principalmente das crianças." 

"Fotos 334/334A SEICHIMU - Figura estilizada também designada por kalamba e kuku wa pwó (ascendente feminino), com uma das mãos levadas ao queixo e a outra ao longo do corpo, mais precisamente sobre o ventre. Personifica o estado de apreensão, agonia e receio de fantasmas; vaticina mal eminente e pode indicar que o consulente não tem sorte porque esqueceu os seus antepassados (paternos e matemos) ou que uma herança não foi bem repartida pelos seus descendentes. Se a peça aparecer de cabeça no meio das outras, é sinal de vida, mas se surgir deitada ou de pés aumentam as preocupações de uma futura mãe. Junta ao símbolo upite (riqueza) indica divida ou roubo; com chota (casa do povo) prevê prejuízos nas casas, no gado ou nas culturas."

"Fotos 335/335A - CHIKUNZA - Figura de mascarado representada com as mãos sobre o ventre e a cabeça com um prolongamento cónico, lembrando um comprido corno. Símbolo ancestral ligado às práticas da iniciação, da caça e de outros rituais masculinos. Se aparece corno kuku wa pwó favorece a natalidade. Chikunza é também um espírito mau que torna as pessoas possessas. Como amuleto é posto no cinto das mulheres ou no arco e na espingarda dos caçadores." 
Intervenção da assistência - estava-me agora a recordar que na literatura portuguesa, ao contrário do que se diz na gíria, eram utilizados os chifres como símbolo da fertilidade. Era a alusão à luta entre os veados que ganhava aquele que tinha os cornos mais fortes. Hoje em dia o conceito é o contrário.
AOP - Sim, o corno está sempre ligado à fertilidade. Dois investigadores trabalharam sobre os Yaka, um foi o Devish, da Bélgica, que investigou os Yaka no território do antigo Congo Belga e o outro foi o Mário Milheiros que trabalhou os do território angolano. O Milheiros, encontrou, entre algumas dessas máscaras usadas pelos rapazes nos ritos de iniciação, máscaras com cornos mas não sei o que elas querem dizer. Creio que ali estão nesse sentido universal do corno enquanto símbolo de fertilidade.

"Fotos 336/336A - MBATE - Figura de homem e mulher unidos; o seu aparecimento anda ligado ao sexo e a casos de infidelidade do homem ou da mulher. Pode anunciar ao consulente descendência, questões resultantes de alembamento (prémio da noiva) não satisfeito, ou lembrar compromissos entre duas pessoas."

"Fotos 337/337A - MIKANA - Estilização representando três, quatro ou cinco figurinhas em fila indiana, sobre uma base comum. Saindo com Njia (caminho), vaticina o mal apanhado em viagem, ou proveniente de coisas que transportou; com Upite (riqueza), bom prestígio, e com Tchilôwa (feitiço), é fatídico. Lembra ao viajante que deve respeito aos ídolos que encontrar no seu caminho e que só se pode abordar o feiticeiro quando este estiver sozinho, longe da povoação."

"Foto 338 - KAFUMBA - Figura de mulher grávida. Recomenda a construção de um altar próprio e o uso de amuletos propícios há natalidade como jinga, chisola ou ruemba, para evitar espíritos de mulheres que faleceram durante o parto."

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